

Estágio no Hospital Universitário do País de Gales
Formação
event 23 de março 2020
Joana Mendes e Cristina Pedrosa realizaram estágio de cuidados paliativos pediátricos (CPP) com a equipa de CPP do Hospital Universitário do País de Gales, em Cardiff, no período de 2 a 13 março de 2020. Foi realizado com o apoio financeiro da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, através da sua bolsa de formação Isabel Levy 2019.
O País de Gales tem uma área de 20,800km2 e uma população de 3.139 milhões de habitantes. O seu único hospital pediátrico fica em Cardiff - Noah's Arc. A equipa de CPP do Noahs' Arc insere-se dentro da rede de nacional, dividida por cinco regiões. Contempla uma enorme variedade de profissionais envolvidos nos cuidados hospitalares, hospices e/ou cuidados no domicílio e nas escolas. Num enorme dinamismo, a equipa presta apoio às crianças no Noah's Arc, no hospice e no domicílio.
O Ty Hafan é o hospice de referência da zona geográfica do hospital. Tem lotação para 10 crianças. Admite crianças dos 0-18 anos, com o único critério de admissão a probabilidade de morte antes da idade adulta. Por ano regista cerca de 260 admissões. As estadias são predominantemente curtas, para descanso do cuidador, controlo de sintomas ou fim de vida.
Durante o estágio tivemos a oportunidade de acompanhar a atividade da equipa, nos seus diversos contextos de ação. A orientação multiprofissional permitiu uma maior diversidade de experiências, com impacto direto na riqueza pedagógica e reflexiva. Destacam-se diversos contributos tanto a nível pessoal como profissional e com implicações direitas nas dimensões: assistencial, de formação/ensino ou investigação.
O modelo de provisão de CPP no País de Gales é, de uma forma geral, mais desenvolvido que em Portugal. Apresenta maior diversidade de recursos humanos e técnicos, bem como apoios diversos para as famílias, independentemente do contexto (hospital, domicílio ou hospice). A cultura dos cuidados paliativos, como cuidados integrados, ao longo da trajetória da doença, proativos, holísticos e dinâmicos, está amplamente mais difundida entre os pais, profissionais e sociedade. Esta avaliação, embora necessária, deve ser conduzida com parcimónia e enquadrada, sobretudo num contexto ético-legal e cultural do país. Contudo deve convidar a refletir sobre a importância de:
Desenvolvimento de equipas multiprofissionais de CPP, onde todos os elementos tenham formação e treino, em centros de idoneidade formativa em CPP;Proteção à atividade das equipas intrahospitalares: tempo formal alocado dentro da jornada laboral para todos os elementos da equipa;Organização da atividade da equipa: planeamento, definição de metodologia/ instrumentos de trabalho;Sensibilização do departamento (profissionais e famílias) para os CPP;Expansão da atividade, para além dos momentos de agudização no hospital, apostando num acompanhamento integrado que contemple visitação domiciliária/ escola e agilização dos recursos da comunidade, ao longo de toda a trajetória da doença;Tónica na articulação com os recursos da comunidade (procurando oportunidades para discussão/formação conjunta).
Foi uma experiência inesquecível e de inestimável importância.
Estamos imensamente gratas a todos os elementos da equipa, pois fomos extremamente bem recebidas e integradas.